Fonte - Axé Olorokê
E sobre o monte, a vida, do homem é
possível entre os Orisás, existe um chamado Orisá Okê. Entre todos os Okê, existe
um mestre muito importante de nome Olooke, o dono e senhor das montanhas.
Anteriormente existiam vários outros Okê junto com ele. Eles também são muito importantes
e não se deve brincar com eles, já que representam a justiça acima de qualquer coisa.
Sua importância se deve muito ao fato de que todos os Orisás que chegaram no
tempo da criação, desceram à Terra por intermédio de Olooke. Okê foi a primeira
ligação entre Orun e Aiye (Céu e Terra), sendo que ele foi a primeira terra
firme, uma montanha que elevou-se do fundo do mar a pedido de Olodumare e com a
ajuda de Oroina e resfriada por Olokun.
Conta o mito dos tempos da
criação que no principio do mundo, só reinava Yeye Olokun, a deusa do oceano
avó de Ya Olokun e bisavó de Yamoja, e Olodumare.
O Deus supremo estava aborrecido
com tanta monotonia de só haver água cobrindo tudo, então ordenou a Oroina, o
Fogo Universal, matéria de origem do sol, a lava vulcânica contida nas entranhas
da terra, a fazer surgir com a força vital da existência que lhe deu Olodumare,
a primeira colina do fundo do mar que cresceu em forma de um vulcão em erupção
lançando lava que ela (Oroina), com a ajuda de Olooke, Aganju, e Igbona, trazia
das profundezas da terra e que eram resfriadas por Olokun.
Foi assim que nasceu Okê, a
montanha, divindade que também é conhecida como Olooke, o dono e senhor da
montanha.
Logo Olodumare, o universo com
todos os seus elementos, reuniu todos os demais Orisás Funfun em Okê e
determinou a cada um, o seu domínio na criação da vida. Chegaram primeiro Obatala
e Yemu (Oduaremu). Após a chegada de Obatala e sua esposa Yemu, chegaram os outros
Orisás Funfun, sendo um muito especial: Akafojiyan que com seu irmão Danko (ou
Ndako) encabeçou os demais vindos à frente e este último passou a habitar os
bambuzais brancos.
Chegaram Ogiyan, Olufon, Osafuru,
Baba Ajala, Olufande, Orisá Ikere e todos os demais Orisás Funfun. Após a
chegada dos Orisás, era a vez dos Ebora e a cada um foi dada por Olodumare uma
função na terra.
Sem Olooke nenhuma divindade
teria chegado à Terra e sendo ele a primeira terra firme, sempre se deve
recorda-lo e fazer-lhe oferendas, pois o que aconteceria se ele resolvesse
voltar para Okun. Epa mole.
Olooke é a colina, tudo que é
elevado e alto, a lava vulcânica também lhe pertence e é a divindade de todas
as montanhas da terra, sendo ainda a força e o guardião de todos os Orisás. É
inseparável de Obatala.
A árvore Ose (Baobá) é também sua
representação e seu arbusto de culto, pois a grandiosidade do Baobá, sua
altura, sua magnitude, a idade de até 6000 anos que pode viver, sua solidez faz
dela a árvore escolhida por Olooke para seu culto. No Brasil por existirem
poucos Baoba passou-se a cultuar Olooke ao pé da gameleira branca que serve de
culto também para Iroko, mas um Orisá não tem nada a ver com o outro.
Na África, até os dias atuais,
este Orisá é tido como de muita importância, sendo temido e seus festivais
anuais, os “Semuregede”, atraem grande número de fiéis que acreditam que Olooke
trará prosperidade e paz pelo ano todo.
Seus ritos são sete e dois deles
são os pontos culminantes que é a oferenda no arbusto na floresta sagrada e sua
saída à rua acompanhado de seus adoradores onde as pessoas prostram- se com a
cabeça no chão em sinal de grande respeito e temor perante um Orisá tão
poderoso.
Os não iniciados escondem-se
dentro das casas, assim como as mulheres grávidas e crianças que não fazem
parte do Egbe. Aquele que pode dirigir-se a Oloke e conversar, fazer pedidos a
ele, chamam- se Baba Elejoka.
Olooke é o guardião de muitos
povos no Ekiti (Nigéria), e lá estão localizadas as maiores rochas onde se
praticam seu culto.
E o mito continua: Quando tudo já
estava funcionando com cada Orisá e Ebora com suas funções sendo executadas,
eis que Olokun julgou que havia sido prejudicada perdendo espaço para as outras
divindades e então Olokun resolveu retomar o espaço que ocupava anteriormente invadindo
as terras. Muitos seres que já haviam sido criados morreram com ira de Olokun. Olodumare
vendo o que estava acontecendo novamente deu ordens a Oroina, Aganju, Igbona e Olooke
para que fizessem uma cadeia de montanhas que isolasse Olokun em seu espaço e assim
com a força destes Orisás, as montanhas isolaram Okun, mas Olokun insistia em
invadir desafiando assim as ordens de Olodumare, que, enfurecido condenou
Olokun a viver nas partes mais profundas do Oceano e ainda a acorrentou dando a
ela um mensageiro que era uma grande serpente marinha de tamanho nunca antes
visto.
E deu a Olokun uma Ilha aonde sua
mensageira viria receber as oferendas para levar até Olokun. Após muito tempo nesta
situação, já com a terra e a criação reconstruída, Olokun pediu a Olodumare que
a deixasse livre mas os seres que viviam na terra deveriam lhe fazer uma oferenda
diária de um ser humano em troca do espaço perdido e que lhe pertencia.
Olodumare concordou mas ela deveria permanecer no fundo de Okun e apenas de
tempos em tempos poderia vir à superfície em sua ilha e quanto às oferendas
diárias, seria a grande serpente, sua mensageira quem lhe entregaria.
Com a invasão de Olokun os
primeiros seres que haviam sido criados foram todos tragados pelas águas, mas
estes primeiros seres eram defeituosos e mal acabados pois eram as primeiras
experiências dos Orisás que puderam então fazer seres mais aprimorados que desenvolveram
as civilizações.
Olooke criou vários lugares para
sua adoração, mas sua cidade principal foi Okiti Ikole onde era adorado em um
grande Ose (baoba). Ekiti, é seu grande celeiro. Olooke também é uma criatura
branca complexa e sendo assim veste branco e seu rosto não deve ser encarado
por nenhum mortal. O Orisá também não quer ver os olhos das pessoas pois não
confia nelas e assim reserva-se debaixo de um Ala.
Olooke esta sempre presente nos
festivais de Yeye Olokun e de Obatala. Seu toque principal no tambor “D’Água”
lembra muito o Aluja tocado para Sangò, porém mais cadenciado. A dança é muito
valorizada pela beleza, e os movimentos tornam-se mais lentos para que possam ser
executados com muito mais graça. Ele dança também o ritmo Ijesá, isto tanto na
África quanto no Brasil. No festival de Olooke em todo Ekiti, na semana que
antecede o festival o Egun de Olooke é quem sai a rua para dançar.
Na semana seguinte é o festival
do Orisá que reúne grande número de fiéis e em alguns ritos é proibido a presença de
mulheres e crianças, pois, as mulheres não podem sequer tocar no Igbá do Orisá.
Elas são consideradas escravas de Olooke e podem apenas cantar para ele (e neste
momento quem deve cantar são apenas as mulheres). Elas podem também ser iniciadas
para Olooke, porém não podem por a mão no próprio assento de seu Orisá, tendo
que imediatamente ser confirmado um homem que fará as funções. Um Orisá acompanha muito Olooke
ao ponto de levar em seu nome o nome do Orisá:
Ogun Olooke ou Ogun Oke pouco
conhecido no Brasil. Este Ogun viveu ao lado de Olooke e é quem dá caminhos a
Olooke. Ogun foi quem abriu os caminhos para Olooke vir para as terras baixas e
participar do convívio das pessoas.
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