sábado, 8 de setembro de 2012

Procedimentos de Umbanda


A doutrina de Umbanda estimula os procedimentos corretos e incor­porou aqueles mais afins com a própria natureza divina dos Orixás.
A um médium é solicitado que co­nheça o mínimo indispensável para que possa realizar as práticas de Umbanda e seus rituais. Também é exigido que se estude um pouco, porque só assim en­tenderá tudo o que acontece dentro de um templo de Umbanda durante a realização das giras de trabalho.
Cada religião tem seus paramentos ou suas vestes litúrgicas, e a Umbanda tam­bém tem os seus: vestes brancas.

Por que o branco é a cor preferencial da Umbanda?
O branco é a cor de Oxalá, o re­gente da Fé no Ritual de Umbanda Sa­grada. Logo, como a fé é o mistério re­ligioso por excelência, o astral tem estimulado o uso dos paramentos brancos. O simbolismo da veste branca é bem visível, além de permitir uma uniformidade na apresentação do corpo mediúnico.
Mas, se alguém se veste de branco e assume o grau de médium, dele tam­bém se exige que purifique seu íntimo, reformule seus antigos conceitos com relação à religiosidade e se porte de acordo com o que dele esperam os Ori­xás sagrados, pois será estes que o ampararão daí em diante.
A doutrina de Umbanda tem por ob­je­tivo primeiro o auxílio espiritual, e esti­mula o despertar da consciência religio­sa nos médiuns. Os doutrinadores sa­bem que tem que ser pacientes, pois precisam lidar com pessoas oriundas de outras religiões, nas quais já desenvol­veram uma consciência mais ou menos de acordo com o que pregam suas dou­trinas.
A doutrina tem como um dos seus pro­cedimentos basilares nunca obrigar alguém a renegar a religião que pra­ticava, pois nenhuma religião deve ser renegada ou criticada.
O máximo tolerado pela doutrina é a crítica aos mercadores da fé, aos fanatizastes líderes religiosos das doutri­nas obscurantistas, e, ainda assim, se eles forem os primeiros a agredir a religião umbandista, como sempre ocor­re, já que sentem uma ameaça invisível aos seus feudos religiosos nas religiões libertadoras do espírito, como o são a Umbanda e o Espiritismo.
As verdades semeadas pelos espí­ritos são superiores às que eles semei­am e tratam logo de combatê-las. Mas, fora essas escaramuças em nível terra, a doutrina de Umbanda reprova toda tentativa de diminuir outras religiões, pois todas se fundamentam em Deus e em sua divindades. Logo, o universalis­mo adotado pela doutrina de Umbanda não permite críticas às outras religiões, tampouco obriga alguém a renegar sua antiga crença.
Quem proceder de outra forma não é ainda, um verdadeiro médium de Um­banda Sagrada, a mais ecumênica das religiões. Em seus templos manifestam-se espíritos trazendo ainda vibrantes as suas antigas forma­ções religiosas que lhes possibilitaram a ascensão es­piritual aos níveis superiores da luz.
Manifestam-se espíritos vindos de to­das as outras religiões e regiões do pla­neta. Uns são hindus, outros são ára­bes, outros são judeus, budistas, cris­tãos... e até índios brasileiros e negros africanos, os seus fundadores espiri­tuais.
Logo, dentro dos procedimentos re­co­mendados está o de absterem-se de qualquer crítica a outras religiões ou de alimentarem preconceitos religiosos mesquinhos.
Outro procedimento recomendado é respeitar os templos de todas as re­ligiões e seus espaços religiosos, pois, aquele que na respeita a casa alheia, não respeita a própria.
Se não consegue ver em um templo alheio uma morada de Deus, então não é digno de dizer que, no seu templo, Ele habita. Em verdade, onde as pes­soas se reúnem para louvar a Deus, Ele ali se estabelece e se manifesta, não importando que o invoquem com outros nomes que não o de “Olorum” ou “Zambi”. Deus é único e os nomes que Lhe dão são apropriações humanas de Suas qualidades divinas manifestadas há todos os tempos. Afinal, Ele é tudo em Si mesmo e temos de invocá-Lo por um nome que mais nos fale ao coração, certo?
Outros procedimentos recomen­dados, e já bastante divulgados, são relativos às práticas rituais:
• Em dia de trabalhos mediúnicos, não se deve comer alimentos de difícil digestão ou ingerir bebidas alcoólicas, pois estas entorpecem a mente a anulam a percepção extra-sensorial, assim como abrem o campo mediúnico às vibrações negativas e estimulam o emocional dos médiuns;
• a mediunidade só deve ser desen­volvida com o recurso da concentração dos cantos rituais e dos atabaques, e nun­ca com o concurso de qualquer produto alucinó­geno, o qual cria delírios emocionais e animismos;
• médium desequilibra­do deve ser afas­tado do corpo mediúnico e enca­minhado para tratamento médico- psi­co­­lógico e es­piritual;
• médium alcoolizado, ainda que mi­ni­mamente, não deve realizar trabalhos práticos, ou deles partici­par;
• médium que não realizar a higiene espiritual e pessoal, tal como banho com ervas, firmar uma vela para o seu anjo da guarda, firmar sua esquerda e direi­ta, etc., não está apto a realizar um bom trabalho mediúnico. Nessa higiene pessoal inclui-se a bucal, pois não há coisa mais desagradável que um consu­lente ter que suportar o mau hálito de um médium relapso.;
• estar sempre vestido com roupas limpíssimas;
• portar-se com respeito e silêncio dentro das tendas – espaços consa­grados as divindades e aos rituais reli­gio­sos praticados dentro da Umbanda.

Provérbios em yorubá


Àdágún silè takète kosése
(Não se deve iniciar a guerra e ir embora )
Bí abá so òkò sójà ará ilé eni ní bá
(Aquele que atira pedras ao mercado corre o risco de atingir um parente)
Tí aṣeni bá ní ibi mefa yoo fi Ikan tabi Meji si ara re
(Se um homem perverso está armado com seis maus caminhos ele vai prejudicar a si mesmo com um ou dois)
Umbotê Kelembeketá Nzambi Atandú Mukuônso
(A beleza é a sombra de Deus sobre o Universo)
Eni para buru mo ko kan fe Pawa Dà ni
(Um sujeito perverso está ciente de que ele é mau, ele simplesmente não quer mudar)
Tí èyàn yoo bá huwa kan Eni ó ko Ranti esan kan ola
(Antes de um ato de hoje, deve-se considerar o resultado de amanhã )
Bi omodé da ilè, ki o má se da Ògun
(Uma Pessoa pode trair tudo e todos na terra, só não se deve trair Ogum)
Ojú tó Ribi tí ko fo, a ira de ló ńdúró
(Os olhos que viram o mal e não ficaram cegos, é só esperar para ver o bem)
Tí Ayé bá tojú Agba bàjẹ, àìmọwàá Nhu won ni. 
(Se reina a turbulência sob a acusação de um ancião, deve ser devido ao seu mau comportamento)
Eni bá jale lẹẹkan, a Ba Daso Arán bo Orí, Aso ole ló Dà bora. 
(Quem rouba uma vez, mesmo vestido de veludo, um ladrão, ele permanece)